São tantas incerteza a ver depois da
pandemia. A primeira constatação sobre o que vem por aí depois da pandemia é
simples, não dá para saber. São tantas as variáveis em jogo que qualquer
previsão será frustrada. A única certeza é a mudança. Não apenas nos hábitos e
nada tão certo quanto as mudanças de hábitos. O que a bíblia diz: “E
ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis;
porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim. Porquanto se
levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos
em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores”.
Assim como nos acostumamos ao cinto de segurança ou a gastar menos energia
depois do apagão, é possível imaginar um mundo em que persistam o sabão, o
álcool em gel e o “distanciamento social”. Menos apertos de mão e beijinhos no
rosto. Várias guerras eclodiram nos últimos anos,
eventos como a derrubada do regime talibã no Afeganistão, o conflito entre a
Índia e o Paquistão, a invasão do Iraque pelos Estados Unidos e a guerra cada
vez mais intensa entre Israel e a Palestina. Pestes, incêndios, inundações e
terremotos também são vistos por toda a parte. Entre eles destaca-se o “novo
coronavírus”, que eclodiu em Wuhan, China em 2019 e, desde então, se espalhou
pelo mundo. Também houve graves incêndios florestais na Austrália em setembro
de 2019, enquanto uma grande praga de gafanhotos assolou a África Oriental, do
outro lado do planeta, com muitos países agora enfrentando a fome. Em janeiro
de 2020, a Indonésia sofreu uma enchente e a Terra Nova, no Canadá, foi
atingida pela maior tempestade de neve em um século. Ocorreram terremotos em
Elazig, na Turquia, no sul de Cuba no Caribe e em outros lugares. Esses sinais
mostram que essa profecia foi cumprida.
Temos que nos acostumar com mudança humanas
de comportamentais. Menos eventos irrelevantes, menos viagens de avião
desnecessárias ou reuniões inúteis. Falando em economias anuais na casa do trilhão de
dólares só com isso. Escritórios com pelo menos metade do tamanho atual. Mais
gente trabalhando em casa, para a nossa alegria. São novos hábitos que se persistirem
no mundo corporativo, deverá haver um salto enorme nas questões como família,
igreja, e comunidades. As mudanças poderão se estender a outros aspectos da
sociedade.
Talvez haja mais espírito cívico, mais
voluntário a ajudar idosos ou grupos ameaçados pelas novas ondas do vírus.
Maior respeito por quem trabalha no serviço público ou pelos profissionais de
saúde, heróis indiscutíveis no combate à pandemia. Poderemos, numa visão
otimista, rumar para um mundo em que a ameaça comum do vírus acabe por gerar
mais união em vez de divisão.
A principal razão para o otimismo é que,
embora venha sendo comparada a guerras ou às crises financeiras do passado
recente, a pandemia tem um impacto de outra natureza. Mexe diretamente com a
saúde e a vida.
“É uma dúzia de crises emaranhadas numa
só, e todas se desenrolam imediatamente, de modo inescapável. Políticos ficam
infectados. Celebridades ricas ficam infectadas. Amigos e parentes ficam
infectados. Podemos não estar exatamente ‘todos juntos nessa’ — como sempre, os
pobres sofrem mais —, mas essa é uma sensação mais real do que jamais foi
depois de 2008.” Talvez, disse Baker, possamos ver nossos problemas como
comuns, e a sociedade como mais do que “uma massa de indivíduos competindo uns
contra os outros por riqueza e status”.